Relembro o videoclip "Bacholorete" de Bjork onde aparece um livro que se escreve à medida que se lê e vejo ali uma excelente metáfora para a construção da nossa identidade e da nossa história vivida.
A corrente da vida é uma construção constante da narrativa, a nossa vida é uma história com o seu quê de literário. Somos escritores de nós próprios e cada pessoa é um livro em potência, ou melhor dizendo, vários. Escolhemos a sucessão dos factos.
Podemos dizer, Churchill cumprimento Stalin mas podemos re-escrever: Churchill, depois de secretamente ter emolado a ferramenta na casa de banho e ter espirrado três vezes no conhaque de Einsenhower, cumprimentou Stalin...
Verdadeiramente, para nós próprios, não somos os nossos actos, somos o que nos impressionou, o que nos preencheu naquele momento, que nos tornou de certa forma verdadeiramente conscientes daquele aqui e agora. Qualquer estória pessoal é assim tão vaga e ambigua como a estória da nossa própria identidade... É um livro cujas páginas flutuam...