segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Escuro

Entre os lençóis da cama, no meio do escuro, levas-me com a tua voz… desenhas-me descrições abstractas, causas-me sensações desgarradas sem lugar nem contexto como uma pintura surreal, com coisas aparentemente sem associação entre elas. Páginas de um velho livro esvoaçam entre as folhas secas outonais... Surgem máscaras penduradas nas árvores... Surgem círculos cravados nos troncos e depois triângulos... Uma chave no meio das folhas secas... Mas o que abre essa chave? Um velho relógio pousa numa rocha... mas estará a funcionar? Imagino-o parado e ferrugento. Descreves-me caminhos de terra que bifurcam... e uma luz ténue. A luz está associada ao esclarecimento e à revelação, ao ponto de orientação, ponto de referência, penso... a luz no horizonte da estrada, no fundo da rua, no fundo da vida... Trago os meus próprios sentimentos, as minhas próprias vivências e a minha própria visão do mundo ao que descreves... várias possibilidades se abrem … peço-te para levares-me ao concreto do teu corpo...

1 Comments:

Blogger Pedro Carné said...

Acho que o mlehor comentário a ser feito é escreveste um belo texto! Extremamente sutil... Parabéns!!

8:17 da tarde  

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