quarta-feira, junho 28, 2006


…não fumava por sistema, o vício nunca tinha conseguido reclamar o corpo…
…os cigarros que fumava eram prazeres emprestados entre a promiscuidade de sensações da noite…
…não fumava apenas pelo prazer de sentir o trago do tabaco…
…fumar era como que uma exercitação da minha força de vontade…
…resistia aos caprichos do vício…
…e ria-me da dependência dos outros…
…rejubilava entre a bruma dos castelos de fumo o meu corpo, a minha vontade liberta…

…um dia, comprei o mesmo maço de tabaco que ela…
…comecei a fumar um por dia ao fim da tarde, plagiando submisso o seu ritual…
…na esperança de que cada cigarro que se esvaiasse em fumo no crepúsculo,
fosse o sangue da minha ferida aberta em lenta ebulição…
…prometi a mim mesmo que quando fumasse o último, a esqueceria…

sexta-feira, junho 23, 2006

quinta-feira, junho 22, 2006

Mesa de café

...dizia eu a uma amiga minha que nada melhor que conhecer uma pessoa numa mesa de café...
...a forma como ele ou ela bebe o café...
...em pequenos tragos tímidos ou se bebe o café em tragos largos e firmes...
...se é uma pessoa que escuta ou que prefere antes falar...
...se olha em volta ou se nos dá apenas atenção...
...se está confortável com o silêncio ou se pelo contrário tem uma necessidade absoluta de dizer algo...
...se o que diz tem o objectivo de impressionar ou se as palavras lhe fogem do espírito...
...e não, não digo tudo isto, porque estou "particularmente" apaixonado (a paixão considerada fonte de inspiração), respondi a essa amiga…
...note-se o "particularmente"...
- “Estas só "indistintamente" apaixonado” retorquiu essa amiga…
...note-se o "indistintamente"....