quarta-feira, junho 28, 2006


…não fumava por sistema, o vício nunca tinha conseguido reclamar o corpo…
…os cigarros que fumava eram prazeres emprestados entre a promiscuidade de sensações da noite…
…não fumava apenas pelo prazer de sentir o trago do tabaco…
…fumar era como que uma exercitação da minha força de vontade…
…resistia aos caprichos do vício…
…e ria-me da dependência dos outros…
…rejubilava entre a bruma dos castelos de fumo o meu corpo, a minha vontade liberta…

…um dia, comprei o mesmo maço de tabaco que ela…
…comecei a fumar um por dia ao fim da tarde, plagiando submisso o seu ritual…
…na esperança de que cada cigarro que se esvaiasse em fumo no crepúsculo,
fosse o sangue da minha ferida aberta em lenta ebulição…
…prometi a mim mesmo que quando fumasse o último, a esqueceria…

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

e qual é a marca do maço?

11:00 da manhã  
Blogger passarola said...

Uns têm uns vícios..outros, outros..no fundo..há sempre qualquer coisa a reclamar-nos o corpo..ou a vida não tinha piada nenhuma.......

11:17 da tarde  

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