quinta-feira, junho 22, 2006

Mesa de café

...dizia eu a uma amiga minha que nada melhor que conhecer uma pessoa numa mesa de café...
...a forma como ele ou ela bebe o café...
...em pequenos tragos tímidos ou se bebe o café em tragos largos e firmes...
...se é uma pessoa que escuta ou que prefere antes falar...
...se olha em volta ou se nos dá apenas atenção...
...se está confortável com o silêncio ou se pelo contrário tem uma necessidade absoluta de dizer algo...
...se o que diz tem o objectivo de impressionar ou se as palavras lhe fogem do espírito...
...e não, não digo tudo isto, porque estou "particularmente" apaixonado (a paixão considerada fonte de inspiração), respondi a essa amiga…
...note-se o "particularmente"...
- “Estas só "indistintamente" apaixonado” retorquiu essa amiga…
...note-se o "indistintamente"....

7 Comments:

Blogger blindness said...

Tantas vezes andamos perdidos. Tantas mais sem sequer termos noção disso. Culpa das nossas próprias escolhas. Culpa das nossas próprias fraquezas. Queria ser corajoso, talvez, um dia. Ser corajoso, olhar as pessoas nos olhos e dizer o que penso delas. Bonitas ou feias, não interessa. Se olharmos bem, se olharmos mesmo bem, ou apenas se olharmos longe o suficiente (mesmo que esse longe seja uma mesa de café próxima), veremos uma beleza indescritivel, para além das nossas parcas noções de belo. Mas que importa a beleza ou a fealdade quando somos corajosos? Quase nada, diria eu... Haverá por aí quem diga o contrário?


1Abraço ao Amigo "faceless" e à(s) anónima(s) amizade(s) com que se partilham cumplicidades como pedaços de nós próprios. Mesmo que apenas por momentos.

3:08 da tarde  
Blogger faceless said...

Amiga Inácia Dias, não diga frases de âmino leve, exponha lá as suas razões pela preferência do chá como fonte de conhecimento dos outros... tenho dito

4:40 da tarde  
Blogger faceless said...

Mr. Blindness, do negócio do que se vê ou, melhor, do que se deixa de ver voçê porventura conhecerá melhor do que eu (ou então estaremos perante um caso patente de vergonhosa publicidade enganosa). O seu comentário lembrou-me um comentário de um desenhador cujas pessoas que desenhavam era "feias" e eram feias porque, segundo ele, a maior parte das pessoas eram assim mesmo, feias. Esqueceu-se ele definir o que é feio ou pelo menos, o que é para ELE feio.
Diz você que quer ser corajoso, para olhar as pessoas nos olhos e dizer o que pensa delas. Espero que sejam boas coisas porque se não for o caso provavelmente passará por graves problemas de relacionamento social. Não quero dizer com isto que a sinceridade não seja uma virtude, em especial, no momento certo. Como diria um iminente sociólogo o indivíduos mais sincero de todos é tão patológico como o indivíduo mais cínico de todos. Claro que há muitas outras formas de dizer coisas e de trocar informação sem ser necessário verbalizar palavras... Tais como os gestos, a postura, a forma de estar e de ser de uma pessoa... à mesa do café... :)

4:55 da tarde  
Blogger blindness said...

Hummm..... Olha que essa da sinceridade ser uma patologia parece-me bastante interessante. Diria mais: parece-me deveras pertinente! Faltou apenas a referência ao tal "sociólogo iminente", que espero não seja uma auto-referência... Dito isto, resta-me apenas uma pergunta: e a coragem, será também uma maleita que praí anda? E se sim, serão os medrosos e os maricas (não no sentido sexual do termo...) o pessoal mais são das sociedades contemporâneas?

Quanto ao debate do chá, duas observações: 1) parece-me sábio optar pelo chá em vez do café, uma vez que me parece poder vir a ter melhores resultados. Ainda assim, outros talvez tendessem, porventura, a optar por bebidas de carácter "mais alcoólico", dada a pretensa facilidade que estas possibilitam em certos e determinados tipos de "contacto interpessoal"... Espero não estar a ser dúbio naquilo a que me refiro. 2) Quanto à questão que levantas sobre as "razões de preferência", parece-me que estás a querer "saber demais", mas essa "dica" tinha outro destinatário... :D

Abraços

6:01 da tarde  
Blogger faceless said...

Sr. Blindness, o sociólogo iminente a que me refiro é que esqueveu a "representação do eu na vida de todos os dias", Erving Goffman. A sinceridade e o cinismo fazem parte de qualquer ser humano, são os dois polos com que jogamos quando gerimos a informação que transmitimos nas relações sociais. E não, a sinceridade absoluta não é uma virtude, se ela existisse dificilmente a vida social (pelo menos tal como a conhecemos) era possível. Não vejo virtude na absoluta transparência, basta imaginar um mundo onde cada um fosse capaz de ler a mente do outro. Abraço

1:46 da tarde  
Blogger faceless said...

...agora se eu gostaria de ter maior coragem de dizer determinadas coisas a determinadas pessoas... bom isso é uma história um pouco diferente...
mais uma vez abraços

1:48 da tarde  
Blogger passarola said...

ainda bem que não bebi café agora.. mas posso assegurar-te que a forma como eu estou e bebo o meu café pode, não só depender de quem eu sou..mas também do café onde estou..da pessoa com quem estou..do cansaço com que estou.. das preocupações ou levitações do meu cérebro..
E também é verdade.. quando queremos ler algo no outro.. note-se o "queremos" .. não conseguimos ver mais nada....... ;)

11:15 da tarde  

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