segunda-feira, março 17, 2008

Ficção

Num baile de máscaras uma mulher aproxima-se do inevitável bar, sítio mais recondido da folia. Pede um copo de vinho e dirige-me a palavra: sabia que a palavra pessoa vem de persona que também significa máscara?

Desconhecia. É um pormenor interessante, digo com os olhos postos na minha bebida.

Não meu caro, não é um simples pormenor, diz-me com uma voz rouca. Imagina o mesmo que eu, neste ambiente? Confesso-lhe o seguinte, e dirige-se ao meu ouvido: estou quente…

Vêm-me à mente a imagem cinematográfica de pessoas a despirem e a tocarem-se em pulsões sem memória, deixando contudo o mistério das máscaras.

A mulher incógnita interrompe-me o devaneio: ténue fronteira entre ficção e realidade. Não, não é o sonho que comanda a vida é a ficção.

Um pingo de vinho cai-lhe nos seios, e ali fixei o meu olhar. Pergunta-me, ímpia, se gostaria de lamber. Contorço-me e procuro dar uma resposta evasiva: porque não?

Que raio de resposta: sim ou não?, pergunta-me firme.

Desamparado, rendendo-me à excitação, respondi sem rodeios, Sim.

Senti a liberdade de colocar-lhe a mão na perna, fui subindo por baixo do seu vestido rubro e verifiquei que não trazia roupa interior. Apenas coberta com um fino vestido de seda e a máscara. Sugeri encaminharmo-nos para um local mais privado. Animalesco, desapertei as calças e penetrei-a por trás, sentindo o seu húmido calor interior. Por curiosidade, num gesto impulsivo e impetuoso, arranquei-lhe a máscara e, horrorizado, não encontrei nem uma mulher bonita nem feia. Encontrei o nada.

2 Comments:

Blogger BlackL0tus said...

Sensualidade pura... Deliciaste-me... *

10:04 da tarde  
Blogger Pedro Carné said...

Profundo. Sensual. Filosófico.
Sem comentários adicionais!
Um enorme abraço vindo do outro lado do Atlântico!
Pedro

12:33 da manhã  

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