Lisboa escrita (I)
Atravessei uma insónia há procura de um início de um livro. E por entre a noite pensei que o fim de uma história é normalmente um bom começo de uma outra:
“As ruas de Lisboa ecoavam o teu nome. Não digo isto como uma expressão metafórica ou como sinal de um caso patológico de esquizofrenia. Num acto de quixotesca loucura tinha-o espalhado pelos vários recantos da urbe inanimada, nas paredes, portões, postes e carros abandonados (tentei pintar um gato vadio mas este refugiou-se debaixo de um carro). Não conseguia escapar-me do teu nome entre as ruas da cidade, descobrindo-o mesmo em anagramas nos placares de publicidade ou em frases de ordem pintadas nos muros e tapumes. O que separa a paixão da obsessão, pois que toda a cidade escrita me parecia desembocar no teu nome? Fechei-me