segunda-feira, maio 14, 2007

Superfície

Tenho este sonho recorrente. Sonho que raspo na superfície de um lago gelado, ou será uma parede de tijolos pintada de branco? Raspo, raspo, cravo as unhas na superfície esguia e monolítica, esmurro a parede de gelo, procurando mergulhar no lago límpido e respirar debaixo de água. Ambiciono chegar ao fundo, fundir-me ao leito telúrico de todos os seres. Acordo completamente suado, mas será agua salina dos poros ou água doce? Acordas com o meu sobressalto na cama e perguntas-me se está tudo bem. Não foi nada, só um sonho, e adormecemos novamente enroscados um no outro...

4 Comments:

Blogger Patrícia Evans said...

Que boa a partilha imediata das nossas emoções, sonhos....

10:56 da tarde  
Blogger blindness said...

Caro amigo, vou dar-te uma resposta diferente das habituais. Apenas porque o meu imaginário me trouxe até ela.

«If you should go skating / On the thin ice of modern life / Dragging behind you the silent reproach / Of a million tear-stained eyes / Don't be surprised when a crack in the ice / Appears under your feet. / You slip out of your depth and out of your mind / With your fear flowing out behind you / As you claw the thin ice.»

«What shall we use / To fill the empty spaces / Where we used to talk? / How shall I fill / The final places? / How should I complete the wall»

«But it was only fantasy. / The wall was too high, / As you can see. / No matter how he tried, / He could not break free. / And the worms ate into his brain.»


Abraços. ;)

11:49 da tarde  
Blogger Pedro Carné said...

Obrigado pelo link! Que as suas letras encontrem morada no mesmo espaço que as minhas: na insustentável leveza do ser! Abraços, ainda que sejam do outro lado do Atlântico!

11:54 da tarde  
Blogger faceless said...

Patrícia, o que está descrito não é bem um sonho que tenha realmente acontecido mas mais um desejo de "quebrar gelos".

Blindness, porque é que eu não me surpreendo nada com esses versos? :P
embora aí o gelo um outro sentido: o fino gelo, quebradiço, no qual nos podemos afogar. O sentido do texto vai mais no sentido da parede intransponível, será? mas não tanto uma parede de "alienação" mas mais uma parede que esbarra a percepção e o entendimento sobre as coisas. Onde estão as "portas da percepção" ou as rachas na parede que deixam antever essa percepção?

Pedro, nada a agradecer pelo link. Abraço também vindo de uma ilha.

12:34 da manhã  

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