quinta-feira, abril 12, 2007

Televisão Pidesca

Sonhei que um dia a televisão organizava, em directo, interrogatórios de estilo policial a figuras públicas e, em especial, a políticos como um passamento, logo a seguir a qualquer outro reality show. O jogo constituía o seguinte: primeiro lançava-se na comunicação social insinuações baseadas em factos menos claros do passado de uma personagem como, por exemplo, o Primeiro-Ministro. Com estas insinuações atiçavam-se os cães, perdão, o público que liam nas insinuações acusações implícitas e retiravam conclusões que têm apenas como limite a sua própria imaginação. Os apresentadores eram caras conhecidas, mas que ali vestiam o seu papel com frontes graves e portes sérios que a situação de inquisidores exigia. Ficariam bem de sobretudo preto e cabelo à escovinha puxado para trás. Era ao próprio acusado e não aos acusadores que era exigido o onûs da prova, que se desdobrava em explicações, em mostrar papéis e documentos, em contar a sua vida. O programa de televisão era um fenómeno, um verdadeiro sucesso de audiências e famílias inteiras reuniam-se à volta do televisor. No sonho ouvia os vizinhos em volta, gritavam, protestavam, "mas está-se mesmo a ver que o gajo é mentiroso, pá!!", outro vizinho exigia raivoso: "partam-lhe uma perna a ver se o gajo confessa!" Acordei no sofá, na televisão constatei assustado que no écran despontavam dois seres vestidos com sobretudos pretos a sacar informações num interrogatório. A bolinha no canto superior acalmou-me... era apenas um filme. Fui para a cama reconfortado com o pensamento de que tal programa televisivo, com certeza, nunca chegaria a ser feito e que as pessoas, a comunicação social, os políticos, toda uma sociedade tem questões mais urgentes com que se entreter e discutir...

4 Comments:

Blogger blindness said...

Humm... Isto faz-me lembrar qualquer coisa que deu na televisão (pública?) ontem de noite. Apenas vi pedaços, mas parece-me tal e qual! Será parvoíce minha, decerto. Nem sequer tomei grande atenção, porque me parecia pouco importante discutir se devemos acabar as cartas protocolares com "seu" ou se devíamos ser todos "engenheiros técnicos" ou apenas "engenheiros". Mas claro, tudo isto são apenas coincidências relativamente ao tal programa de que falas. Um pouco como aquele anúncio que sempre é feito no final dos filmes de hollywood, com e sem bolinha no canto superior do ecrã. Qualquer coisa deste tipo: «Todos os factos e situações relatadas neste programa, assim como os seus personagens,são ficcionais. Toda e qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.» O que no caso do teu programa não deixa de ser uma grande verdade. Vejam lá isto, ãh?! ;)

Abraços

3:44 da tarde  
Blogger passarola said...

ah bom... ver pouca televisão também tem as suas vantagens... imagino do que falas, mas a minha imaginação anda entretida com outras questões....

10:10 da tarde  
Blogger Susana M Fonseca said...

THE CIRCUS IN TOWN EH EH EH

muito bom...

4:41 da tarde  
Blogger Patrícia Evans said...

Eu sei bem do que falas...Vi o interrogatório todinho...Acho deprimente o que ali se passou...E quando falas em imaginação na cabeça dos que fazem os comentarios que todos temos visto por ai, nos mais variados meios de comunicação social, eu prefiro dizer que é mais ignorância da purinha e alimento para os mais esfomeados de polémica.

12:01 da manhã  

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