sábado, março 03, 2007

Oi, cara!

Há uma estória fantástica sobre os primeiros contactos entre os missionários portugueses e os indígenas do Brasil. Neste episódio estará, provavelmente, a razão porque os brasileiros chamam um indivíduo de “cara”. Os missionários pregavam sobre a necessidade de os índios esconderem as suas "vergonhas". Era uma doutrinação sobre o pudor, a vergonha e a necessidade de esconder o corpo, a fonte do desejo e, portanto, do pecado. O caminho para a Salvação é um processo de anulação da carne através do retraimento dos seus apetites. O estado mais puro a que um ser pode aspirar é precisamente a alma, essa entidade desprovida de uma forma corpórea. Pelo menos parte desta doutrinação ainda está presente na nossa maneira de ser e de estar, na forma como lidamos com o nosso corpo, em especial em presença dos outros, nos sentimentos de culpa, acanhamento e decoro que nos assaltam. Mas voltando à estória, os missionários apontavam aos indígenas a necessidade de cobrir o seu corpo. Mas estes retorquiram “mas vocês têm o rosto descoberto”. “Sim, mas isso é a nossa cara, é diferente” explicaram os missionários. O esgar dos índios deu-lhes como resposta: “Pois para nós é tudo cara”.

2 Comments:

Blogger passarola said...

nada de sentimentos de culpa por aqui... e acho que é tendência geral facilmente comprovada pela redução cada vez maior da quantidade de tecido nas roupas da moda. Eu gosto de viver na era tanga girl!! :)

1:20 da manhã  
Blogger passarola said...

e foi mais uma aprendizagem interessante... do muito que já tinha estudado sobre o "achamento", nunca tinha tropeçado na explicação da expressão "cara" :)

1:22 da manhã  

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