terça-feira, outubro 24, 2006

Marie Antoinette

«S'ils n'ont pas de pain, qu'ils mangent de la brioche!»


Causa estranheza que a mesma Sofia Coppola que realizou “As Virgens Suicidas” e “Lost in Translation” tenha escolhido fazer um filme aparentemente histórico. Mas Marie Antoinette não é um filme histórico é antes uma fantasia, uma idealização de adolescente sobre como seria viver em Versailles e ser rainha de França. Se “As Virgens Suicidades” é um filme sobre a adolescência reprimida, Marie Antoinette é sobre o borbulhar dos sonhos de adolescência, sobre o jogo de sentidos, desejos e fantasias concretizados na que poderia ser apelidada a maior casa de bonecas do Mundo: Versailles. Quando Luís XVII, coroado rei, disse «somos demasiado novos para governar» estava a querer protestar, «deixem-nos brincar mais um pouco!». O decurso da História e as questões políticas são ruído de fundo, coisas que distraem a corte (e a nós) do sonho. A frase «se não têm pão, que comam brioche», que se colou à pele de Marie Antoinette e que bem poderia servir de seu epitáfio, só poderia ser dita por quem se ofuscou pelo brilho extasiante de Versailles, da sua opulência e ostentação. Também nós somos extasiados. Não se vê a miséria do povo como se supõe que a Rainha não tenha visto. A Revolução Francesa surge como algo incompreensível como o mendigo sujo e agressivo que surge de rompante e vem contaminar o bolo, calar a banda e estragar a festa. Marie Antoinette simboliza aqueles que se fecham na redoma de vidro da não preocupação e serve de parábola sobre a doce corrupção da inconsciência feita de sentidos, de sonhos e caprichos satisfeitos.

2 Comments:

Blogger passarola said...

Este também faz parte da minha agenda de filmes para ver em breve.. não se percebe pelas tuas palavras .. mas, depreendi que gostaste.. é verdade?

10:24 da manhã  
Blogger faceless said...

é daqueles filmes que se sai sem se ter a certeza se se gostou dele ou não! Ao início estranhei, não era bem o q esperava! percebi que não estava diante do q se poderia chamar um filme de época! q era outra coisa, e qdo a meio "atingi" o propósito do filme, deixei-me levar... o final era o necessário para o q se pretendia! achei o filme interessante, sem dúvida. Se realmente gostei? não consigo responder

1:36 da tarde  

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